quarta-feira, 13 de maio de 2009

Salvador, a cidade das chuvas

Ruas alagadas, desabamento de imóveis, pessoas desabrigadas, árvores caídas e muito transtorno para motoristas e pedestres. Todo ano esse filme de terror se repete em Salvador logo após o término do verão, e estranhamente, entra Governo e sai Governo, nehuma medida eficaz é tomado para ao menos amenizar ele problema crônico da cidade. Salvador tem vivido dias de caos absoluto, com pessoas ilhadas, além de mortes em desabamentos. Ainda temos que assisitir o prefeito João Henrique, em entrevista numa emissora de TV local dizer "que não tem fiscalização suficiente para impedir a ocupação das encostas e que vai fechar mais canais em Salvador."

Ao ser indagado sobre esse problema crônico, que essa não era sua primeira gestão e porque não foi realizado um trabalho de prevenção respondeu: "Foi possível fazer o que os nossos orçamentos e os recursos da União possibilitaram." E no final da entrevista fez um apelo aos engenheiros civis da cidade para que se alistassem como voluntários, pois as equipes da defesa civil não estavam dando conta de "tantas solicitações". Lamentável... Ainda bem que não votei nele. A pergunta que não quer calar é: Se todos os anos o problema se repete, porque não são tomadas medidas durante o período de estiagem? Porque não se cria um projeto com fundo só para esse problema? FICA A DICA! Pensei muito sobre o que escrever a respeito. Recebi por e-mail um texto do antropólogo e poeta baiano Antônio Risério, publicado no jornal A tarde de sábado. Brilhante! Traduz tudo que eu a torcida do Bahêa pensamos! Vou postá-lo aqui.

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Antonio Risério
Jornal A Tarde - Sábado, 09 de maio de 2009

Vamos direto ao assunto. Chega desse papo furado de que a Cidade da Bahia é sinônimo de sol. O que mais temos, aqui, são chuvas. Logo, qualquer prefeito medianamente inteligente tem de se ver obrigado a pensar o seguinte. Esta não é uma cidade que precisa se fantasiar para o sol. Mas, sim, se preparar para as chuvas.


Salvador é uma cidade com uma espantosa capacidade de produzir discursos ilusórios sobre si mesma. Discursos míticos e mistificadores. Nestas direções, agem conjuntamente (embora não necessariamente de forma coordenada ou pelas vias da cooptação) o aparelho estatal, os intelectuais e muitos artistas.

Assim foram criados muitos mitos baianos. E que conseguiram se nacionalizar pelo simples e eficaz fato de que conseguiram fazer com que os próprios baianos acreditassem nesses mitos. A Bahia emitiu para o Brasil a mensagem de que aqui vive um povo ensolarado, preguiçoso, impontual, relaxado, sensual e feliz. Este foi um discurso elaborado, simultaneamente, por políticos, gestores públicos, empresários, escritores e músicos populares. Mas resiste o mito à menor análise dos fatos? Claro que não.

Caymmi virou o símbolo nacional do charme, do dengo e da preguiça da Bahia. Mas quem disse que baiano é impontual e preguiçoso? Se de fato fosse, o Polo Petroquímico de Camaçari simplesmente não funcionaria. Baiano trabalha – e muito. Caymmi nunca foi a regra.Mas, sempre, a exceção. Os baianos que acreditaram nessa história estão a ver navios.

Gostamos também de acreditar que fazemos sexo como ninguém. É outro mito. Fazemos sexo como o fazem muitos outros povos. Se baianos fossem assim tão gostosos, muitas das mulheres aqui nascidas não estariam vivendo hoje em outros países – da Europa ao Canadá – e alegres e felizes da vida com os maridos que escolheram ter.

Os mitos da preguiça e da sensualidade, todavia, não são diretamente prejudiciais à nossa vida cotidiana na cidade. Já o mito do sol, sim. Nos prejudica demais. A gente se comporta como se, em Salvador, o sol reinasse o ano inteiro.

E não é o que acontece. O sol, aqui, é um ilustre e passageiro visitante. Um visitante que nunca se dignou a se demorar no céu da cidade. Mas gostamos de pensar o contrário. Achamos que vivemos sob o signo do sol.

É uma tremenda mentira. Salvador é uma das cidades com os mais altos índices pluviométricos do País. Chove aqui o ano inteiro. O sol, entre nós, tem um breve reinado. Vai, no máximo, de novembro a fevereiro. Ainda assim, em meio às chamadas chuvas de verão. Durante o resto do ano, é chuva e chuva e mais chuva.

Esta é uma cidade de céu predominantemente cinzento. De ruas e becos alagados. De enxurradas descendo dos morros. De riachos transbordando. De casas se movendo perigosamente nas encostas. De águas arrastando barrancos e barracos. De dezenas e dezenas de deslizamentos de terra. De crianças encharcadas, tossindo, chorando pela noite fechada, cheia de lama.

E, no entanto, continuamos a acreditar que Salvador é a cidade do sol. É impressionante a facilidade com que mentimos para nós mesmos. Foi por isso mesmo que fiz minha novela A Banda do Companheiro Mágico se passar sob um aguaceiro. Onde, entre outras coisas, escrevi: “Chove no Brasil Atlântico Central.

Chove mais ainda no Recôncavo baiano. Chove ainda mais na capital baiana. Chove sem cessar na falha geológica de Salvador. Chove, chove, chove. Cidade de chuvas densas. Cidade das águas bruscas”. Todo ano, entretanto, as pessoas me dizem: “Está chovendo demais”. Não, não está chovendo demais, está chovendo como sempre. Como sempre chove todo ano. O problema é outro. É que todo mundo embarcou na canoa furada ideológica da cidade ensolarada.

Mas onde é mesmo que fica esta Salvador, cidade do sol? Aos mais de 50 anos de idade, tendo nascido aqui, ainda não tive o prazer de conhecê-la. Cidade do sol, meus amigos, é Fortaleza. Salvador, não. Nunca. É estranho que os moradores locais, abrindo guarda-chuvas e metendo o pé na lama, não vejam isso. Mas muito mais estranho ainda é que administradores públicos caiam também, e com gosto, nesse conto do vigário do sol. Eles deveriam ter um mínimo de sensatez e realismo. E, em vez de executar frescuras de veraneio, fazer coisas mais sérias para as chuvas.

Fotos: Arquivo A Tarde, Aristides Baptista e George Rodrigues.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Sexo, mentiras e traições: A outra


Li a sinopse do filme A Outra e fiquei interessada. A história se passa na corte inglesa do Rei Henrique VIII, aquele da época da Reforma e Contra Reforma que a gente aprendeu nos livros de história. O famoso caso do rei que rompeu com a Igreja Católica, para anular seu casamento e casar-se a uma de suas concubinas, Ana Bolena. Isso lhe valeu a excomunhão pelo Papa da época e a fundação da Igreja Anglicana da Inglaterra. Henrique não podia ver um rabo de saia, ao longo de seu reinado ele teve nada menos que seis esposas! Isso é que é galinhagem medieval... Bem vamos à história.

Desde aquele tempo os valores morais da sociedade já eram duvidosos. O tio e o pai das irmãs Ana e Maria Bolena, mesmo sob os protestos da mãe das moças e única pessoa sensata na história, não hesitaram em vender as moçoilas em troca de propriedades, títulos de nobreza e regalias na realeza. O rei era casado com Catarina de Aragão da Espanha, mas o casório não ia muito bem, já que só tinha tido uma filha com ele, perdido vários bebês e não podia mais engravidar. O rei estava à procura de uma jovem que pudesse o “consolar” e “entreter”, se ligaram?!

Ao tomar conhecimento da “carência” do rei, a dupla tio cafetão/pai aproveitador entrou em campo e articularam um esquema tático para a bela Ana (interpretada por Natalie Portman) seduzir o cara. Acontece que o tiro saiu pela culatra, e o rei acabou encantado por Maria (Scarlett Johansson) que já era casada. A pobre jovem teve que se sujeitar a virar amante do rei, mudando-se com a família para corte para desfrutar das regalias reais. E o chifrudo do marido pasmem: Aceitou tudo, afinal quem ousaria ir de encontro aos desígnios do monarca?! Outra que teve que engolir a traição a seco foi a rainha Catarina. Manda quem pode... Obedece quem tem juízo! Nem o irmão George (Jim Sturgess) foi polpado. Arranjaram um casamento com uma fulana da corte que ele detestava, em troca de títulos de nobreza.

Ana, preterida pelo rei, armou o maior salseiro! Inconformada, a mulher mirabolou vários golpes e assim colocou Henrique VIII no bolso! Quando a irmã Maria engravidou do rei, uma gravidez de risco, Ana se aproveita da situação para seduzí-lo. Ela trai a irmã e faz o rei ignorar o filho bastardo, e o convenc a anular seu casamento com Catarina. Inferniza o homem até conseguir se tornar rainha. Como ela conseguiu tal feito? Porque ela se nega a liberar sua “pureza” (hahaha) para o rei. Fez jogo duro e como diria Ilka Tibiriçá: Só casando! Isso só reforça minha teoria de que homem só pensa com a cabeça de baixo...

Mas como alegria de pobre dura pouco, Ana não tarda a provar de seu próprio veneno. Mesmo antes de casar começa seu calvário. Além disso, ela não consegue dar ao marido o filho homem que ele tanto queria e sim uma filha, que mais tarde viria a se tornar a rainha Elizabeth I. O elenco é muito bom, com Natalie Portman e Scarlett Johansson num excelente momento. Quem dá vida ao rei Henrique é Eric Bana (O Incrível Hulk), numa atuação muito bacana, sem contar que deu um rei bem simpaticozinho! Vale super a pena assistir essa rede de intrigas e o desfecho da trama, eu recomendo! :)

Título Original: The Other Boleyn Girl
Título Traduzido: A Outra
Gênero: Drama
Duração: 115
Ano de Lançamento: 2008
Para assistir online: http://www.easyfilmes.com/A+Outra-993.htm